sábado, 15 de fevereiro de 2014

Ensaios "O Outro"

"O Outro" é um trabalho de foto performance, onde dentro de uma sociedade eu me disponho como um corpo estranho. Pensando nas questões de memória cultural, sobre costumes e comportamentos, desenvolvidos durante um longo percurso histórico, a interferência de um corpo com outras características culturais pode criar barreiras quando ultrapassa os limites da identidade cultural. Mesmo quando se trata da ausência da identidade, a reação é iminente e expressiva, quando o outro invade o cotidiano. ~









Este trabalho foi realizado na feira de Cachoeira (BA), nessa última sexta, com a cooperação de Ary Rosa, Flávia Pedroso e Glenda Nicácio. Foi feita uma espécie de máscara de gesso que cobria toda a extensão da cabeça e pescoço. O estranhamento das pessoas foi grande: "Ele tá machucado?", "Tá conseguindo respirar?", "Olha a múmia vendendo carne!".
O sentido da visão é completamente desligado, apurando todos os outros sentidos. Podia sentir quando estava no sol ou na sombra, ouvindo as músicas e os comentários, e principalmente sentindo o cheiro por onde passava, de roupas e perfumes, de frutas e legumes, e de carne, tendo o sentido do olfato como guia da minha percepção de espaço. Um exercício de desapego e introspecção me fortaleceram durante o percurso.
A sensação de alívio da minha parte e estranhamento e curiosidade dos transeuntes ao retirar a máscara, causa grande impacto das duas partes. Cria-se aqui uma relação com o cotidiano das pessoas que participaram passivamente dessa ação. Elas vão levar algo de diferente pra casa.

FotoPerformance de Élcio Rossini

Em uma densa procura por artistas brasileiros que trabalhem com a foto performance, para o Seminário de "Fotógrafos Brasileiros", da matéria Fotografia II, ministrado pela professora Valécia Ribeiro, encontrei um artista cujo trabalho é semelhante à minha nova experiência. Élcio Rossini, diretor teatral e cenógrafo, Doutor em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS, vai propor em suas obras uma série de jogos cênicos, onde o corpo e sua mobilidade desenvolve um dialogo com um objeto cênico, animando-o; brinca com a estética das texturas, dos tecidos e das cores, criando uma espécie de mundo imaginário. Realiza seus trabalhos, utilizando a foto e a performance como meios de apresentação. A série "Objetos para Ação" (seu trabalho de mestrado) traduz essas características de maneira intrigante e divertida.


"Natureza Morta" - Inspirado na performance "Trama", da série "Objetos em Ação"

"Infláveis", da série "Objetos para Ação"

"Palavras", faz parte da sua tese de Doutorado, junto da obra "Figuras e Fantasmas", onde Élcio desenvolve um diálogo sobre o gesto e a ausência da palavra. Dois homens "sem cabeça" são colocados frente a frente, sustentando um estado de espera, sem poder falar ou olhar. A comunicação se dá a partir da presença, das sensações.

"Palavras". Foto: Elaine Tedesco

Na permanência se mantém um ritmo constante que provoca monotonia no olhar. Em certo sentido cria um esvaziamento de teatralidade pela persistência das mesmas ações. Assim, o artista trabalha com a noção de performance sem um começo, meio ou fim definidos. Palavras aponta para a falta, no eco de um ritmo contínuo. O que poderia ser dito se esconde na sutileza dos gestos, na ausência das palavras ou na sombra de um diálogo.” - Lucila Vilela

(fonte: http://interartive.org/2012/09/elcio-rossini/)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Das metáforas do lembrar


Jasmim-manga




Na mesma perspectiva de rastro, busco nesse trabalho, registrar momentos de completa nostalgia e conversa interior. A pessoa fotografada é induzida a entrar num estado meditativo e contemplativo, onde o caminho é a lembrança de algum momento específico de sua vida, que, numa profunda reflexão , traz à tona toda a emoção que esse momento proporcionou. 
Aqui, meu trabalho é registrar essa expressão desse sentimento gerado pela introspecção, sem me aprofundar na história ou nos questionamentos da pessoa.

Rastros


A série Rastros, surge de uma necessidade de ilustrar metáforas da memória, de tempo e espaço. Pretende-se criar um dialogo entre o mundo e os seres que o habitam, da forma como deixam suas marcas e como trazem consigo novas formas de agir e pensar. A memória aqui é vista como algo não-palpável, que se constrói e se destrói através das vivências, num processo de eterna mudança, no qual sobram apenas rastros. ~


Dos rastros humanos e o mau uso da matéria



Dos rastros rupestres


Dos rastros da infância




O trabalho está em desenvolvimento, sendo pensado sobre as questões da memória, para a matéria de Fotografia II, ministrado pela professora Valécia Ribeiro, do Curso de Artes Visuais da UFRB.
A opção de tratamento de cor, tem a intenção de trazer essa realidade para um mundo lúdico e animado, criando um contraste na imagem registrada.

Liquides

Entre ser e estar, uma conversa interior se desenvolve quando um desequilíbrio extrapola os limites da mente. Das necessidades do corpo físico de se libertar das correntes sufocantes, que nascem das pressões cotidianas, a expressão cria um movimento preciso e incoerente. A fuga para um mundo imaginário surge como a opção mais atraente e leve. ~




Liquides vem de um trabalho de vídeo ainda em andamento, pensado para ilustrar as inquietações da mente de uma personagem fictícia. É um mergulho nas mágoas sufocantes que ultrapassam as barreiras do emocional.

Adradecimentos: Selma Souza (intérprete), Beto Vieira, Miguel Nader, Vinicius Castro.